Tom de noite
As cortinas azuis dançavam ao vento quando entramos no quarto, o vento cortava os meus cabelos e as suas mãos me causavam arrepios que até então eram desconhecidos pelo meu corpo.
A falta de fala constante, não por timidez, mas pelo medo de sentir algo que fizesse minhas crenças e promessas serem quebradas.
Eu disse e repeti nãos tantas vezes que os sins já não faziam sentido a minha boca, mas eu queria, ah, como eu queria, eu te quis inteiro e você fez com que a minha alma voasse em pedaços por entre as paredes do escuro dos seus olhos.
Olhos fechados, eu e você em uma dança sem fundamentos, em uma dança que apenas nós sabemos dançar, juntos, esquizofrênicos e sem iniciativa de final.
No calor dos corpos eu me perdi e me encontrei quando tirou meus pés do chão, já não quero tocar o solo, você me deu asas e me fez livre dentro de um quarto com tranca.
Me aperta, me cala.
Dentes, lábios e língua.
O silêncio que eu fiz questão de preservar enquanto meu corpo desejava gritar, sons profanos, nítidos que ecoariam por toda a estrutura do prédio tomaram conta do meu ser e a única coisa que me permitia sentir segura era alguns segundos no escuro dos seus olhos.
As mãos.
Os pés.
A boca.
Sim, a boca.
O dito pelo não dito, eu e você.
Nós feitos em penumbra.
Nós feitos em um só.
Corpos.
Apenas corpos.
Esquenta e esfria.
E cala, me cala, me faz calar.
Me faz ser viva.
Me preenche.
Me da gostinho de quero mais.
E eu quero, ah, como eu quero.
Ser sua, ser minha e me reconhecer frente ao espelho que reflete tudo o que eu sufoquei dentro do peito.
Tudo o que você ainda não conhece.
Tudo o que talvez você nunca saiba sobre mim.
Tudo o que nunca seremos e nunca deixaremos ser.
Apenas o contraste do tom de noite marcando minha pele, correndo por toda a minha epiderme que um dia te pertenceu.
*Foto: Renata Gonçalves.
Olhos fechados, eu e você em uma dança sem fundamentos, em uma dança que apenas nós sabemos dançar, juntos, esquizofrênicos e sem iniciativa de final.
No calor dos corpos eu me perdi e me encontrei quando tirou meus pés do chão, já não quero tocar o solo, você me deu asas e me fez livre dentro de um quarto com tranca.
Me aperta, me cala.
Dentes, lábios e língua.
O silêncio que eu fiz questão de preservar enquanto meu corpo desejava gritar, sons profanos, nítidos que ecoariam por toda a estrutura do prédio tomaram conta do meu ser e a única coisa que me permitia sentir segura era alguns segundos no escuro dos seus olhos.
As mãos.
Os pés.
A boca.
Sim, a boca.
O dito pelo não dito, eu e você.
Nós feitos em penumbra.
Nós feitos em um só.
Corpos.
Apenas corpos.
Esquenta e esfria.
E cala, me cala, me faz calar.
Me faz ser viva.
Me preenche.
Me da gostinho de quero mais.
E eu quero, ah, como eu quero.
Ser sua, ser minha e me reconhecer frente ao espelho que reflete tudo o que eu sufoquei dentro do peito.
Tudo o que você ainda não conhece.
Tudo o que talvez você nunca saiba sobre mim.
Tudo o que nunca seremos e nunca deixaremos ser.
Apenas o contraste do tom de noite marcando minha pele, correndo por toda a minha epiderme que um dia te pertenceu.
*Foto: Renata Gonçalves.

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