Particípio Passado


Na rua você disse que me amava e em menos de 5 minutos, logo depois de meio copo de tequila cuspiu o passado na minha cara.
Um shot e um tiro, meia dúzia de palavras que me fizeram chover por dentro.
Quem sou eu pra dizer que você está errado? 
Eu nunca estou certa não é mesmo? 
É o que eles dizem.
Essa menina, que nem tamanho tem, pode falar que ela aguenta, mas não toca que ela quebra.
Bonequinha de porcelana, bate, mas pede desculpas que ela se refaz sozinha. É mulher, tem que aprender a se refazer, a subir no salto e dar o sorriso mais lindo que ela guarda. 
Foi o álcool, ele não gosta de interpretação de textos, foi você que entendeu errado.
O passado que eu bebi e dividi com algumas pessoas naquela rua fria, engoli lembrando das aulas de português e do porque eu estava ali.
As palavras têm poder, mas não é você mesmo que diz que guardar o que sente faz mal? 
Então escreve que passa.
Eu dizia e sentia.
Mas é você quem me salva, me salva de mim, salva da vida, do passado que é seu também.
Entrelinhas que só a gente consegue ler, machucam e curam com sístoles e diástoles, tão triviais quanto as batidas do nosso coração em sintonia perfeita.

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