Inevitável
Ontem eu sentei e inevitavelmente comecei a pensar sobre o futuro, você disse pra eu não pensar, pra não antecipar as coisas, mas como você já deve ter percebido, eu não sou perfeita e nem quero ser.
Eu sei que você ficou esperando eu escrever, se perguntando se não foi triste o suficiente pra que virasse mais um registro no meu bloco de notas.
Foi triste sim, triste a ponto de eu nem se quer querer escrever, a ponto de eu ainda não conseguir falar sobre você, sobre o que nunca vamos ser.
Eu pensei sobre o que poderíamos ter sido, o que queria que fossemos, sobre eu não querer mais que ninguém entre e como às vezes eu me sinto sozinha, não por não te ter, mas por uma gama infinita de motivos.
Sou mulher, forte, autossuficiente, independente, sem medo de cavar meu lugar no mundo, sem medo de ter que lidar com alguns vazios, mas eu inevitavelmente tenho sonhos.
Queria sim um peito quente pra me encostar no fim do dia, uma mesa cheia e várias gargalhadas preenchendo por instantes as crateras do meu peito.
E apesar de querer acreditar, de procurar motivos pra continuar, talvez eu não me encaixe nesse sonho, não é só o querer se o poder não é meu.
Eu posso lutar pelo que quero ser, posso estudar, pesquisar, conseguir o emprego dos sonhos e criar um brotinho de laboratório, mas não posso criar pessoas ao meu redor, não posso usar de felicidade artificial, essa não basta. Quero sorrisos quentes e peitos abertos prontos pra quando eu chegar.
Era pra ser um texto sobre você, mas nada mais é sobre você. Sim, eu sou o centro do meu mundo e continuo rodando com as mãos livres.
Eu espero que você se encontre, que eu me encontre e que no final da curva sempre tenha a minha multidão particular esperando pra um abraço caloroso.
Sobre o futuro? "Eu não quero e nem vou te esperar".
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