Nem tudo faz sentido.



Ontem ele entrou pela porta e não disse nada, se fixou nas minhas paredes, deixou suas marcas no meu travesseiro, me virou do avesso e me fez inteira.
Ontem eu tive um sonho lindo, a minha poesia se materializou nos lençóis, ela sorriu e me fez perceber que a vida nem sempre é difícil, que a gente não precisa esperar o futuro.
Quanto isso vai durar? Talvez só até amanhã, ou talvez ele me ganhe a cada dia que passar, mas eu não ligo, um par de mãos entrelaçadas baixaram os meus escudos, me deixaram nua frente aos soldados prestes a atirar.
Ontem eu acordei e disse que nada mudaria, mas em sonho não era mais a mesma, as paredes mudaram, o meu jeito de escrever, de marcar a sua pele, desenhar por toda a epiderme e não querer mais parar, congelar o tempo, viver de momento, te olhar e só olhar sem acreditar.
O seu perfume emaranhou o meu cabelo adentrou o espelho e me fez segura, quieta, sem querer sair dali, meu esconderijo, meu paraíso, minha cela solitária.
Nessa prisão eu sou ré culpada, largada a cumprir pena perpétua, sem saída, sem julgamento e sem querer ser inocente.
Ontem me perguntaram se eu escrevo quando estou feliz. Quer mesmo saber? Por você eu me transformo em poesia, em rima rica, combinando categorias gramaticais que eu nunca se quer atingi, mas com o desejo de ser só uma simples gotinha de tinta borrando o meio da folha de papel. 

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