Reduzida a cinzas
Me disseram que melancolia mata e que a cidade que não dorme também não sabe amar, que atravessar a rua sem olhar para trás é importante e que você não valia a pena.
Eu ouvi quando gritaram, quando me imploraram pra voltar e ficar, mas não olhei para trás. Lembra? É importante sempre seguir em frente porque é pra lá que se anda.
Eu ouvi quando gritaram, quando me imploraram pra voltar e ficar, mas não olhei para trás. Lembra? É importante sempre seguir em frente porque é pra lá que se anda.
Os passos e passageiros sempre na mesma direção, implorando pelo fim da viagem, desencantados, esperando pelo fim eminente.
Parei de ouvir meu coração pra sucumbir pensamentos que disseram que não poderiam existir, que eu não posso ser fraca e não posso dizer o que penso.
O vai e vem de carros, a graça da menina, a falta de graça do palhaço e o sorriso quase amarelo do vendedor de sorvetes.
Olhei pra frente e caminhei, corri, me exaustei, essa corrida incessante e as lágrimas caladas por vozes que ecoam na minha cabeça.
Cansei.
Adoro sorvete e dizer o que penso.
Sim, me disseram.
Mas quem diz sou eu e quem grita e se deixa gritar é o meu coração.
Digo o que penso para não sufocar, olho para trás para não deixar pessoas que amo sem colo, não se esqueça que cada um tem seu tempo e da os passos no ritmo que pode.
Porque dizer que melancolia mata e me fazer calar é tão falta de amor quanto o que soa na cidade cinzenta.

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