"Os ventos às vezes erram a direção..."
Andam dizendo por aí que ela está apaixonada, feliz e que não chora mais, que ela encontrou o amor, sossegou o peito e agora descansa tranquila com a cabeça deitada no travesseiro.
Andam dizendo que ele é tudo o que ela sempre sonhou, aquele que ela tanto esperou e agora ele finalmente chegou.
Que eles vão casar, ter dois filhos, viajar o mundo e que ninguém nunca mais vai precisar enxugar suas lágrimas porque agora é ele quem segura a sua mão.
Me disseram também que ela não escreve mais, que não tem mais porque desabafar que a vida está perfeita e organizada.
E que as pessoas acreditam em fotos, em paisagens recortadas, retratos montados.
Que olhando aqui da janela, ali do outro lado da rua aquele casal, eu também acredito, como não acreditar se ninguém nunca viu ela tão feliz como está? Ela que sempre foi tão sensível, transparece o amor só no jeito que pronuncia as letras do nome dele.
É tão bonita essa história que me contaram que eu quase acreditei, mas só ela sempre soube o que realmente se passa dentro do seu peito, só ela sente que isso nunca foi real, que às vezes sonhar é bom, mas acreditar em histórias que não aconteceram não vale a pena.
Não me venha com essa de iludida, ela nunca esperou nada mais do que teve, o impulso às vezes grita mais alto, mas a consciência trás de volta ao chão, nada além do que podem ser, dois corpos habitando um mesmo espaço, dividindo uma história que nunca poderá ser a mesma.
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