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Mostrando postagens de agosto, 2017

Transmutação

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A cidade solidão que acende suas luzes no horizonte da Dom Pedro, milhões de casas vazias de coração partido, o vai e vem de veículos sem rumo nem direção, a falta de certezas que ecoa e grita no silêncio da rodovia que tira vidas e rouba almas. Ela dorme e acorda com olheiras profundas, quando dorme, com sequelas que se arrastam nas horas que adentram o dia, a tarde o vento corta e  não há descartável que substitua o pedaço que falta. Se arrastando pela avenida, os ombros pesam e só o que grita é a saudade do cachorro do vizinho, da mãe, dos amigos, daquilo que nunca teve e provavelmente nunca terá. A cidade rodeia e permeia o corpo, toda a pele imersa em fuligem e poluição, o verde ainda sorri e as raízes se aprofundam em busca de água fresca, a procura incessante quase afoga e apavora. Nada passa, o tempo se arrasta, ela olha pra você e te pertence, mas você já não pertence a ela, sobrevive à cidade solidão sem ter que vender a alma, mas vendendo todo o resto do...

Vem cá

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Vem cá que eu te dou colo, enxugo seu pranto, te faço cafuné, te levo onde quiser. Não se preocupe se é tudo tão confuso, se ao mesmo tempo que você me quer, insiste em não querer. Porque fugir é mais fácil, viver por aí só, sem ter que se preocupar em levar bagagem extra, apenas se bastar como sempre foi. Se te machucaram e você jurou não deixar nunca mais ninguém entrar e eu não sou nada daquilo  que você imaginou. É difícil interpretar sinais e não chorar por ter certeza que nunca mais vai voltar. Eu não sei o que se passa na sua cabeça, o que sente quando me vê, me assusta a falta de evidências científicas. Sabe, aquela coisa de ter fé, acreditar sem ver? Você apenas se alojou no cantinho mais confortável do meu coração. E eu não posso te prometer que acredito, que não sinto e que vai ficar tudo bem. Mas vem cá, o café tá quente e só basta a gente pra não esfriar.