Devaneios de bonança.
Você se foi com o nascer do sol. Acordo cedo esperando um vestígio seu, uma mensagem, um bilhete, um restinho de perfume . Da janela já não vejo seus passos, seu riso contido não mais ecoa entre as paredes. Uma lista sem nome. Existem apenas as manchas de lágrimas no assoalho frio, o ranger sob meus pés me trazem a tona lembranças de uma noite qualquer. Sozinha eu corro até o quarto, troco as roupas de cama e as cortinas que presenciaram momentos, minutos, segundos infinitos de gargalhadas sinceras. Sinceras? Se foram, você levou-as junto a mala repleta de roupas que eu não tive tempo de pendurar, no guarda-roupa, cabides em excesso dançam ao som da chuva que cai lá fora. A água corta a rua e eu não te vejo, o vento que adentra a janela emaranha meus cabelos, não há mais motivos para fechá-la. Eu deixo a porta aberta acaso deseje voltar, a tempestade inunda as quatro paredes de nossas almas, no plano material eu não passo agora de um simples artefato da mobilia. De...