Com amor, Ana

Faz um ano, exatamente o movimento de translação da terra, um ano que os meus olhos encaixaram nos seus, que eu tive a certeza que paixão a primeira vista existe. Faz um ano que te chamar pra sair foi a melhor decisão da minha vida, que mandar um milhão de áudios ridículos pra minha melhor amiga dizendo o quanto você é perfeito foi tão natural. Eu te olhei e te olhando pedi pra ficar, foi simples entender que agora os meus textos tinham nome, sobrenome e endereço, sim, meus textos felizes como nunca foram. Faz um ano que o seu sorriso me ganhou e eu me pego pensando em você em vários momentos impróprios. Que um livro infantil foi a poesia mais linda que já me escreveram. Faz um ano que eu podia dizer tudo o que eu quisesse, que podia ser eu mesma sem medo.  Que eu mudei meu jeito de ver o mundo e eu sentia que podia ser e ter tudo o que eu desejasse e não ligava de ter que carregar mais uma mala. Faz um ano que você me ensinou o que é sentir de verdade, que a gente é...

Hoje eu acordei antes do despertador. E depois de uma semana em que o mundo era cor de rosa o céu acordou cinza. Eu olhei pros lados e não te vi, não vi ninguém e apesar de querer te culpar eu sei que a culpa é toda minha, de toda essa imaginação fértil, das ilusões que eu insisto em achar belas. A chuva começou a escorrer pela janela assim que eu levantei da cama, a mesma chuva que escorria pelas minhas bochechas rosadas de frio. Sinto falta do quente do lar, de me sentir mais em casa. Já foi a época que eu chamava isso de casa, mas não sei onde colocaram meu móveis e isso me desconcerta. A falta de móveis, a falta de aconchego, a bagunça que eu fiz dentro e fora do guarda roupa. Já faz quase um ano. Eu sei. Mas talvez eu não quisesse que essa data fizesse aniversário, quando elas completam anos significa que existiram e não foi por acaso. Ou foi? Eu diria que foi o acaso mais lindo há um ano. Agora já não sei, não sei explicar, só vivo e deixo viver,...