Com amor, Ana

Não é bem assim, nem tudo são flores e a vida te leva para lugares que nem sempre você gostaria de estar, não chame ela de cruel, ela não é, porque até a chuva é necessária para regar o solo, a semente germinar e nascer as belas flores. Não fique aí se lamentando, olhe para aquela senhora sentada naquele banco da praça, ela parece ter muitas histórias para contar, seus cabelos já esbranquiçados dizem que ela viveu muitas aventuras e seu sorriso fácil parece demonstrar que sua vida é e sempre foi ótima. Engano seu, como você é bobo, a grama do vizinho é mais seca que a sua, e você insiste em ser enganado por essa ilusão de ótica. A vida dela foi um arco-íris, mas se lembra que este só aparece depois da chuva, aquele sorriso já se calou muitas vezes, quando ela perdeu seu melhor amigo, quando seus sonhos mudaram de direção... Mas ela nunca deixou de sonhar, e nem as dificuldades a deixaram desistir de seus objetivos, vê como ela é elegante, usa lindas roupas, é advogada, sabia? V...

Quando te conheci te achei chato, metido e arrogante, tinha uma vontade imensa em implicar com tudo o que você fazia... O tempo passou, você entrou nas minhas brincadeiras de criança, na minha listinha de amigos, na minha felicidade de fim de semana. Ganhei e perdi amigos, cresci, cortei o cabelo, mudei de escola, emagreci, aprendi brincadeiras novas, mas você continuou ao meu lado e eu finalmente descobri o que eu sentia por você, não era apenas amizade, vontade de brincar, e nunca uma implicância fez tanto sentido. Você se foi, foi se ocupar com seus números, que não me fazem o menor sentido, eu sempre odiei matemática, mas por você eu tento entender, acredita que eu até pensei em fazer engenharia? Você está em cada letrinha do meu querido português, o que só faz enriquecer meu mundo... Olhando da janela imagino onde você está, o que está fazendo, se está feliz com outra pessoa. Pego o celular para te enviar uma mensagem, mas não tenho coragem, já dei tanto a entender ...

O PRIMEIRO BEIJO                                                                     Clarice Lispector Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme. - Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples: - Sim, já beijei antes uma mulher. - Quem era ela? perguntou com dor. Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer. O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apena...